Por que o Facebook quer saber da sua vida?

Muitos de nós ainda assiste televisão, esse é um hábito passado de geração em geração desde sempre e, se você assiste televisão, como toda pessoa comum durante o intervalo você zapeia pelos canais para dar uma olhada nos outros canais, e você faz isso simplesmente porque os anúncios que aparecem na TV em geral não interessam para você, mas imagine se os comerciais fossem interessantes para você.

Anuncie aqui

Comerciais, propaganda e publicidade por todo lado. Você anda pela cidade e vê outdoors sobre colchões, BMW e às vezes um mero “Anuncie Aqui”, mas a verdade é que a maioria de nós não está ponderando a possibilidade de comprar um colchão novo, até sonhamos com uma BMW mas é um sonho distante e o “Anuncie aqui” é só um delírio publicitário como tantos outros, mas eventualmente se você passar por um outdoor do McDonalds às 11h45 da manhã morrendo de fome talvez você decida ir almoçar lá.

O que faz uma ação publicitária efetiva não é um outdoor incrivelmente genial cheio de apliques com front lights chamativos, também não é necessariamente um vídeo super emocionante de dia das mães da Boticário, uma ação publicitária que funciona é aquela que atinge as pessoas certas com uma mensagem clara em um momento preciso. O exemplo do outdoor do McDonalds é claro, para ele ser super efetivo você precisa estar com fome, próximo a hora de uma das refeições e se a mensagem for uma boa promoção você certamente será fisgado.

Se organizar direitinho, todo mundo compra!

Zuckerberg entendeu isso, ele tem nas mãos uma ferramenta social utilizada por mais de 60 milhões de pessoas por dia só no Brasil, nunca se concentrou tantas pessoas em um lugar só e a grande sacada dele foi segmentar essas pessoas, traçar perfis e categorizar os usuários de acordo com suas preferencias, interesses, localização, idade, classe social e etc. Fazendo isso ele oferece ao anunciante uma plataforma incrível para anunciar, gastando pouco qualquer micro empresa pode atingir públicos específicos sem desperdiçar verba, uma loja de colchões pode anunciar só para quem já está procurando colchões, a BMW pode anunciar só nos bairros nobre da cidade e o McDonalds pode anunciar só das 10h30 às 13h30 se quiser.

Nesse momento você pode estar pensando que se tornou só um número nas mãos do Facebook que aluga sua timeline pra empresas anunciarem, entre uma postagem da LDRV e outra da IDM você tem que passar por anúncios chatos e o pior o Stories do seu Instagram também está lotado de anúncios que não fazem muito sentido, o que você ganha com isso além de chateação? Em seu conceito os anúncios devem ser o mais segmentados possível, caso um anuncio não faça sentido para você o anunciante provavelmente está usando a plataforma de modo errado.

No mundo ideal você acordaria de manhã e antes de levantar você checa suas redes socias e vê o anuncio de uma padaria próxima com algumas promoções de café da manhã, ao chegar no trabalho, enquanto o chefe não está olhando, você olha suas redes sociais e vê o anúncios e um curso novo da sua área, a tarde você se depara com um anuncio de açaí com entrega grátis e a noite no conforto do seu lar você encontra anúncios sobre moda, beleza e outras coisas que fazem sentido para você. A ideia aqui não é te obrigar a consumir além do que você precisa, mas colocar ao seu alcance as coisas que você quer ou que fazem sentido na sua rotina.

Facebook ou TV?

Algumas empresas e seus profissionais não entendem essa dinâmica e desgastam a relação com os usuários da plataforma fazendo anúncios para segmentações equivocadas e saturadas, é preciso entender que a oferta de espaços para publicidade que o Facebook oferece aumentou muito nos últimos anos e isso também enche o saco e acaba transformando o Facebook no que era a TV, você se depara com um anuncio e já pula o mais rápido possível.

Se no principio a ideia era coletar os dados dos usuários para categoriza-los, oferecer segmentações para os anunciantes e criar uma boa experiencia para o publico em suas timelines com o tempo esse ideal se perdeu, anunciar nas redes socias é muito mais barato do que nas mídias convencionais e por isso as empresas começaram a derramar mais dinheiro na plataforma que por sua vez começou a ofertar novos espaços de publicidade para dar conta da demanda, mas isso tudo está estragando a experiencia dos usuários e reduzindo a tolerância deles com anúncios.

Equilibrar novamente essa equação é o grande desafio do Facebook atualmente para continuar sendo relevante na vida das pessoas, afinal não existe rede social sem pessoas.